Eles nasceram entre o fim dos anos 90 e o início dos anos 2000.
Foram crianças rodeadas por
promessas: disseram-lhes que bastava estudar, obedecer, respeitar prazos e metas, aprender inglês, talvez um pouco de espanhol, ser pontual, fazer o que ninguém queria fazer, e tudo daria
certo.
A meritocracia foi tatuada em suas mentes. Mas a realidade bateu como uma porta de ferro em pleno rosto.
Hoje, aos 25 ou 26 anos, muitos deles choram diante de uma câmera de celular. Choram de frustração por ganharem R$1.900 - às vezes, menos - após anos de estudos, cursos, dívidas estudantis e empregos de carga pesada.
Eles descobrem, com espanto, que não conseguem sair da casa dos pais. Não conseguem pagar um plano de saúde, nem pensar em filhos.
A geração que cresceu no meio da tecnologia percebe agora que a liberdade prometida não passou de uma ilusão
cara. Na frente das telas, influenciadores exibem casas com vista pro mar, roupas de marca, viagens para Dubai. Mas, atrás das mesmas telas, milhares de jovens comem arroz puro, dividem aluguel com estranhos, lutam contra a ansiedade e a depressão - e pensam que o erro foi deles.
A geração dos pais, aos 25, já estava casada, com casa financiada e filhos pequenos. Essa
geração, aos 25, trabalha oito horas por dia, pega transporte lotado, e volta para casa perguntando:
"O que mais eu preciso fazer para conseguir viver com dignidade?"
Esses jovens não são preguiçosos. São apenas filhos de uma era em colapso. Onde o sistema financeiro devora tudo. Onde as empresas exigem tudo e oferecem pouco. Onde o salário já nasce morto diante do preço dos aluguéis, das compras no mercado, do transporte e dos boletos.
Eles choram. Mas também estão acordando. O que parecia individual, virou coletivo. O que parecia fraqueza, virou grito. O que parecia desabafo isolado, virou onda.
Jamais zombemos da dor dessa geração. Ela é um sinal claro de que algo está podre - não neles, mas no mundo ao redor.
E quando as luzes se apagarem de vez - quando o colapso não for mais apenas pessoal, mas sistêmico - talvez sejam justamente esses jovens, que aprenderam a viver com pouco, a chorar sem vergonha e a falar com o coração, que vão ajudar a reconstruir um mundo mais honesto, mais possível, mais humano.