Nas ruínas de Tel Aviv, onde os escombros tomam o lugar das calçadas e os céus cinzentos são cortados por sirenes e fumaça, uma pergunta sussurrada entre os ssobreviventes permanece mais alto do que qualquer explosão: "Por que a guerra ainda continua?"
A resposta pode estar não apenas nas estratégias militares ou nas alianças internacionais, mas na política de sobrevivência do próprio poder.
Em tempos de guerra, o caos não é apenas um subproduto - pode ser uma ferramenta.
Com a cidade fragmentada e a população mergulhada no medo, o debate democrático silencia.
Protestos desaparecem, a oposição se dispersa, e as manchetes se concentram apenas na resistência e no inimigo.
Nesse cenário, o líder se mantém. Envolto em discursos patrióticos, ele aparece como escudo e espada, como aquele que segura a última esperança em meio ao colapso. Governar entre ruínas pode parecer contraditório, mas há lógica sombria nisso.
Um povo traumatizado, enlutado e preocupado em sobreviver, não questiona. Não há tempo para debater políticas públicas quando falta luz, água e comida. A guerra - ou a sua manutenção - torna-se a justificativa suprema para a permanência no poder.
Mas há um preço.
As crianças crescem entre sirenes. As escolas viram abrigos. As ruas, túmulos abertos. E enquanto o mundo assiste, dividido entre lados e interesses, quem vive ali carrega nos ombros o peso de uma guerra que pode já não ter outro objetivo senão sua própria continuidade.
Sob os escombros, o poder permanece. Mas o custo humano se acumula em silêncio, à espera do dia em que, enfim, alguém declare: nenhuma liderança vale mais do que uma vida.