Não houve uma declaração oficial.
Ninguém disse:
"Estamos em guerra." E ainda assim, o mundo inteiro estremeceu.
Hoje, as armas caem do céu como estrelas mortas. Os mísseis cruzam o firmamento como se fossem sinais proféticos, e não há mais refústio certo.
O Irã, Israel, Europa, Ásia... As fronteiras são atravessadas não mais por exércitos, mas por dados, drones e desesperos.
Chamam de guerra híbrida.
Eu chamo de fim de um ciclo humano.
Não sentimos mais medo, porque o medo foi substituído por um vazio.
Não sentimos mais esperança, porque até a esperança parece estar sob cerco.
Ao conversar com os outros, é como se eu estivesse dentro de um filme antigo, repetido, onde as vozes não chegam ao coração.
Tudo parece gravação.
Tudo parece sonho.
E talvez seja isso: o fim das ilusões de segurança, estabilidade e progresso.
Porque agora os ataques não têm alvo fixo. Podem vir do alto, da rede, da fome, do mercado.
A guerra atravessa os telhados, os bancos, os noticiários e os nervos.
Ninguém está completamente fora dela.
E o mais assustador:
“Depois da tribulação daqueles dias, o sol escurecerá, a lua não dará sua luz, e as estrelas cairão do céu.”
Talvez as "estrelas" que caem são os satélites, os drones, os mísseis.
Talvez o Apocalipse não é uma obra futura, mas uma realidade presente disfarçada de manchete.
E a guerra, hoje,
não é apenas contra povos. É contra a sanidade.
Contra a lucidez.
Contra o amor.
Contra o espírito.
Estamos em guerra.
Não com armas, mas com tudo.
E cada um de nós precisa escolher:
seremos combatentes da esperança ou vítimas da indiferença?
Que Deus nos encontre despertos. Mesmo dentro do sonho.